Fim de Pista

XIV – Uma Última Missão

Um sorriso mostrava-se matreiro na face de Luísa e os olhos verdes pareciam absorver o mundo com a avidez de quem tinha saboreado intensamente todas as aventuras da vida. Sentada à porta de casa, observava as andorinhas fazendo mais um voo rasante sulcando o ar, sorvendo a vertigem, subindo no último instante para poisarem alegremente no beiral do telhado observando os últimos trabalhos agrícolas nos campos preparando as sementeiras de primavera.

Luísa pensou no labor daquelas gentes do campo, no seu regresso constante a casa após mais uma jornada de trabalho e recordou os últimos meses que tinha vivido com a sua Equipa. Tal como aqueles modestos agricultores, também eles tinham trabalhado imenso no último ano que passara desde a descoberta do Baú misterioso na represa da aldeia. Foi ali que tudo começou e vieram-lhe à memória todos os desafios que tão brilhantemente tinham superado, os obstáculos ultrapassados, as pistas que Vicente tinha deixado e que tinham conseguido decifrar e assim reunir todas as peças que necessitavam para poderem colocar a funcionar o Portal do Tempo. Tinham sido etapas duras, mas também ricas de conhecimento, aprendizagem, de preparação para o seu futuro, pois só assim, conhecendo o passado, podiam começar a preparar o futuro.

Mas apesar de todos os esforços, faltava ainda conhecer a localização do Portal do Tempo e nem o último desafio que tinham ultrapassado lhes tinha fornecido uma pista que fosse para o poderem encontrar. Estavam num beco sem saída.

Quando por fim o sol se escondeu atrás da mansão de Vicente, Luísa recolheu-se em casa, ajudando a mãe na preparação do jantar. Estava exausta, apetecia-lhe um bom banho para depois poder analisar tudo mais uma vez, procurando um sinal, uma pista que lhes tivesse passado despercebida.

Terminadas as tarefas dirigiu-se para o quarto de banho, ligou o chuveiro, olhou-se ao espelho e foi então que reparou que, no espelho completamente embaciado pelo vapor de água, vários números iam sendo desenhados como se uma mão invisível ali estivesse. Olhou para trás de si, mas nada viu, olhou novamente para o espelho e a mão invisível continuava a sua tarefa. Correu para o quarto, pegou num caderno e num lápis e apontou os números: 39.92554,-7.18410.

Afastou-se um pouco e os números apagaram-se subitamente. Pouco depois a mão invisível recomeçou a sua tarefa, mas agora escrevia pequenas frases que Luísa imediatamente apontou:

Hoje, escuteiros de todo o país, estão a ser chamados a serem construtores do amanhã. As peças conquistadas ao longo desta jornada, aliadas à fraternidade que vos une, vão abrir o Portal do Tempo e dar acesso a diferentes aventuras. Juntos, vão mais longe.

Agora que conheceram a importância do passado, é tempo de descobrirem as vossas capacidades.

Procurem a vossa última missão na Sede do vosso Agrupamento.

Luísa mal conseguia respirar enquanto as últimas palavras desapareciam do espelho. Parecia que o mundo tinha parado por breves instantes e só após alguns minutos conseguiu ganhar a presença de espírito suficiente para correr para o telemóvel e contar o ocorrido aos membros da sua Equipa. Ficaram eufóricos e, como sempre, foi Jaime quem acalmou as hostes encontrando as respostas para as perguntas que todos faziam. “Os números são coordenadas. Aposto que é lá que está o Portal do Tempo!” disse ele. “Quanto às frases, só há uma maneira de saber se são verdade. Temos de ir à Sede do Agrupamento”.

Saíram de casa a correr e quando lá chegaram, abriram lentamente a porta para descobrirem em cima da mesa da Equipa, uma singela Rosa Vermelha acompanhada de um pequeno rolo de pergaminho.

Afinal, a aventura ia continuar.

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